Ilha de Ometepe, um paraíso perdido na Nicarágua

Era uma vez uma ilha com dois vulcões. Um majestoso, que impõe doze horas de subida a quem se atrever a desbravá-lo, e outro não menos interessante, de oito horas de aventura. Essa ilha existe, e fica na Nicarágua: a ilha de Ometepe é um paraíso perdido nesse acolhedor país da América Central. Ometepe, aliás, significa “lugar de duas colinas”, na língua indígena náhuatl.  Duas colinas-vulcões.

Ometepe tem uma área de 276km2 no meio do Lago da Nicarágua, o Cocibolca. A população cresceu com o passar dos anos, mas sua paisagem é de casas simples de madeira, zinco ou tijolinhos, sempre de portas abertas e gente conversando com cadeiras no quintal. Todo mundo cumprimenta todo mundo e carros e motos têm que andar devagar porque de vez em quando passa uma galinha, um porco ou passa boiada atravessando a rua. 

Chegamos a Ometepe vindo de Granada, outra cidade incrível de que falamos neste post. Foi uma viagem, literalmente: pegamos um ônibus público perto do mercado municipal em Granada 9h30, rumo à cidade de Rivas. Custa uns US$ 3 por pessoa, mais uma taxa pelos mochilões, jogados lá em cima do ônibus. Dá no total umas 40 córdobas por pessoa, na moeda local.


Às 11h chegamos em Rivas, e dali pegamos um táxi (nem sempre os horários dos ônibus batem com os dos ferry) até San Jorge, de onde saem os ferrys para a ilha. Juntamos com outros turistas e formamos um “táxi coletivo”, a uns US$ 2 por pessoa. Mais 15 minutos de caminho e chegamos a San Jorge.

Pegamos então o ferry, a outros US$ 2, finalmente, com destino a Ometepe. Ainda teríamos outra uma hora e quinze minutos nas águas movimentadas do lago da Nicarágua. Esse é o segundo maior lago da América, com 8.264 km2. Só perde para o Titicaca, que tem 8.372km2. Adendo curioso: tem tubarões! 

Não há eventual enjoo que resista à vista da chegada na ilha. É quando os dois vulcões do início dessa história, Concepción (1610m) e Maderas (1395m), se exibem aos olhos dos viajantes. 

Confira aqui um trecho dessa chegada a Ometepe 

O ferry chega no porto de Moyogalpa, onde ficamos no hostal Casa Moreno. Simples, mas limpo e bem localizado. Há pelo menos outros dez povoados principais na ilha, com praias de lago, cachoeiras, trilhas para os vulcões. Nos lugares mais inóspitos, vale sempre buscar relatos de outros hóspedes, pois lemos reclamações de escorpiões em alguns hotéis mais afastados…

O melhor modo de conhecer a ilha é de moto. Percorremos quase tudo com uma, a US$ 35 o aluguel por dois dias. É também um dos transportes mais econômicos: só ontem percorremos mais de 80 quilômetros e gastamos menos de US$ 3 de gasolina. Alugamos com Alicia e Dani, dois nicaraguenses simpáticos e justos, da Dinarte’s rental . 

Algumas paradas imperdíveis da ilha: Ojo de água, um tanque natural de águas clarinhas, a uns 25 km de Moyogalpa. Custa US$ 3 a entrada.

Bem perto está a praia (de água doce, claro) de Santo Domingo. Tem uma vista linda do vulcão Concepción, e boa comida no restaurante Natural Vegetariano. Também há opção de alugar cavalos para andar na areia (mas acabamos usando nossas próprias patas mesmo). 


Outro ponto interessante é o povoado de Balgüe. No albergue ecológico El Porvenir há petroglifos, alguns possivelmente com 3.000 anos de antiguidade.


No caminho, paramos para um lanchinho no Café Campestre, com café orgânico e brownies imperdíveis. 

Mais adiante há uma entrada para as cachoeiras de San Ramón, acessíveis a quatro horas de trilha.

Seguimos caminho para Altagracia, outro dos grandes (pequenos) povoados da ilha. No meio da praça principal, aliás, em um banquinho em frente à Paróquia San Diego de Alcalá, escrevemos este post. Sem pressa, sem testa franzida, na calma e no bate papo com os ometepenses. 

Clique aqui para um passeio de moto pelo povoado de Altagracia . 

Na volta à Moyogalpa, outras duas paradas interesantes: a reserva natural de Charco Verde, que tem lagoa e mirantes, e a Punta Jesus Maria, estreita faixa de areia, em um dos limites da ilha, perfeita para ver o pôr do sol (entrada a US$ 1). De um lado, o sol caindo, do outro os vulcões. 

Onde quer que se esteja em Ometepe, os vulcões aparecem. Ora o Concepción, ora o Maderas. Sempre com alguma nuvem em cima, em formato diferente, como se exercessem algum magnetismo em volta. Quem dirá que não exercem? Há energias inexplicáveis ali.

Clique aqui para ver como o sol se põe na Punta Jesus María, em Ometepe



Palavra do dia:
deakachimba. Essa é uma gíria que aprendemos com Alicia e Dani, do aluguel de motos Dinarte’s rental. Quer dizer “sensacional, maneiro, da onda”. Pra nós, a palavra que melhor define Ometepe: deakachimba! 

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