Ouvimos esse nome primeiro nas aulas de História: Cabo da Boa Esperança. Em 1488, o português Bartolomeu Dias, navegando por essas águas, descobriu uma “proeminência” do continente africano. Um acidente geográfico. Mas a prova, naquela época, que era possível atravessar do oceano Atlântico para o Índico.
Não foi moleza. Bartolomeu Dias queria chamar o lugar de Cabo Tormentoso, pela força das ondas e a dificuldade de navegar ali. Mas o rei João II, achando o feito da travessia uma boa notícia, resolveu chamá-lo de Cabo da Boa Esperança. Há diferentes formas de se encarar as coisas, certo?
O fato é que se abriram outros caminhos para Portugal, que daí expandiu seu poderio comercial para a Índia.
Dito isso, conhecer o Cabo da Boa Esperança, na África do Sul, é mais que ouvir ou estudar: é viver a História.
O parque que abriga esse ponto histórico, chamado de Parque Nacional Table Mountain, fica a uns 50km da Cidade do Cabo. É um parque imenso, que pode ser visitado de carro particular, ônibus turístico, shuttle… e tem ainda muitas trilhas para quem quer explorar a pé.
Alugamos um carro. A ideia era ter autonomia sobre nossos horários e liberdade para andar por ali. Claro que não faltou caminhada. Paramos o carro em um estacionamento que dá acesso ao Cape Point, onde fica um farol. Dois, na verdade: um a pouco mais de 200 metros de altura, mais antigo e depois de um naufrágio considerado ineficiente para advertir as embarcações em dia de muita neblina que há terra à vista… e outro mais recente, a uns 90 metros de altura.
Do estacionamento de Cape Point uma placa indica um caminho bem demarcado para se chegar ao Cabo da Boa Esperança. É plano na maior parte do tempo, e ainda passa pela “Dias Beach”, uma praia que homenageia o navegador português ao lado de sua descoberta. É uma praia linda, que pode ser acessada por outro caminho. Mas não muito convidativa para mergulho, pela força das ondas e da correnteza.
Seguimos caminhando e… boa notícia! O Cabo da Boa Esperança. Também dá para chegar de carro, pelo acesso na estrada. Mas vale demais investir um tempo sentado no alto da pedra, olhando o mar e imaginando como há tantos anos era um ponto intocado. E a trilha é fácil, ida e volta em uma hora e meia. O tempo de contemplação fica a gosto dos trilheiros, claro.
Uma curiosidade: apesar da fama, o Cabo da Boa Esperanca não é o ponto mais ao sul no continente africano. O título pertence, na verdade, ao Cabo das Agulhas, que fica 150km mais ao sul. Mesmo assim, o Cabo da Boa Esperança não deixa de atrair visitantes. É História.
Sobre o parque:
– Fica a uns 50km da Cidade do Cabo. Caso você não tenha carro ou não queira alugar um, pode contratar uma excursão. O ônibus vermelho turístico de Cabo, Hop-on, Hop-off, tem uma linha especial para essa região. Custa 720 rands por adulto, cerca de R$ 200. Mais informações aqui.
– Se você for de carro, separe o dinheiro da entrada: 303 rands por pessoa, uns cem reais, se você for estrangeiro.
– O parque tem restaurante, lojas, banheiros, e um centro de visitantes para quem quiser mais informações.
– Não dê moleza para os pássaros que rondam por lá, principalmente pela lanchonete e o estacionamento. Eles estão de olho na sua comida! E chegam a dar rasantes quando avistam alguém com um sanduíche (pausa: a baguete caprese do restaurante é uma delícia).
– Mas o ponto mais crítico para o parque são os babuínos, os macacos. Eles podem ser agressivos quando buscam comida. A direção do parque recomenda veementemente não alimentá-los, e evitar deixar carros abertos. É dor de cabeça.
– O dia pode estar rachando de sol, mas o vento é presença constante por ali. Parece conselho de vó, mas leve um casaco. Óculos de sol e protetor solar também são indispensáveis.
– Há um funicular que leva ao farol mais alto. Custa 80 rands subida e descida. Para quem quiser trabalhar as pernocas, há um caminho lateral e escadas que chegam ao mesmo ponto.
– Perto do farol há uma trilha que desce ao farol mais novo. É um caminho menos turístico, porém boa opção para quem tiver disposição. Venta bastante. Mas tem vistas incríveis para onde se olhe. E o mar…
Se você ainda tem dúvidas se vale a pena conhecer, esse link aqui pode te animar. E, claro, torça por um dia de sol e céu azulão!